A ribeira da Arcês localiza-se a norte do rio Tejo entre vertentes rochosas relativamente escarpadas. É um espaço importante para a fauna uma vez que disponibiliza zonas de alimentação, de abrigo e de reprodução para uma diversidade de espécies, auxiliando simultaneamente na regulação do clima local, no ciclo hidrológico e no combate à erosão.
Situada sobre afloramentos de materiais antigos do proterozóico superior, a zona envolvente da ribeira é constituída por xistos negros e metagrauvaauqes com intercalações de metavulcanitos ácidos da série Negra, onde se instala a galeria ripícola enriquecida pela
presença de amieiro e de lódão-bastardo.
Para os mais entendidos nestes assuntos destaque-se a presença de macerovia, de Haliminium verticillatum, do feto real e do tomilho bela luz, enquanto espécies florísticas importantes para a conservação da natureza.
No que toca ao património cultural, a ribeira da Arcês apresenta um importante valor histórico que se materializa na presença de ruínas de azenhas ao longo da ribeira dando corpo a um espólio impar na produção e transformação dos cereais - a Rota do Pão.
Património Natural
Do ponto de vista conservacionista podemos enumerar uma diversidade de espécies florísticas importantes para a biodiversidade, nomeadamente a macerovia - Anarrhinum bellidifolium (espécie endémica da Europa), o lódão-bastardo - Celtis australis, o feto-real - Osmunda regalis, o Haiminium verticillatum, o salgueiro-branco (Salix alba subsp. alba), a Salvia bastarda (Teucrium scorodonia), o tomilho bela luz (Thymus mastichina), o tojo (Ulex airensis) e a videira selvagem.
Em simultâneo, destaque para a grande variedade de passeriformes que se encontram na cortina arbórea que acompanha a ribeira, nomeadamente o chapim-de-poupa, o chapim-azul (Parus caeruleus), a toutinegra-de-barretepreto (Sylvia atricapilla) ou o tentilhão (Fringilla coelebs).
Turismo Activo
O vale encaixado da ribeira da Arcês oferece alguns constrangimentos para usufruto dos activos naturais pelo que recomendamos que experimente os percursos de BTT desenhados em ambas as margens da ribeira, nomeadamente “Pouchão”, “Moinhos de Entrevinhas”, “ribeira da Arcez” e “canal de alfanziras”.
Se preferir uma actividade menos cansativa poderá experimentar o percurso pedestre “do pão ao vinho” que lhe dará a oportunidade de conhecer os locais mais interessantes da ribeira da Arcês.
Lontra
Nome | Lontra - Lutra lutra
Família | Mustelidae
Descrição | O corpo é alongado e fusiforme, apresentando uma forma hidrodinâmica, medindo aproximadamente 60-90cm. A cauda mede normalmente entre 40-50cm e é achatada. A pelagem é espessa, fina de cor acastanhada e está impermeabilizada. O focinho apresenta-se pelôs sensoriais. As crias quando nascem passam a grande maioria do tempo e a comer, abandonando- o ninho com dez semanas.
Distribuição | Distribuição euro-asiática. No que diz respeito à abundância Portugal é uma excepção, sendo das poucas populações viáveis existentes. Nos países industrializados da europa ocidental, esta espécie chego a estar extinta, como por exemplo a Holanda, a Suiça e o Luxemburdo.
Longevidade | 10 anos
Habitat | habita no meio aquático – ribeiras, barragens, rios.
Alimentação | a alimentação é essencialmente piscívora, mas também inclui pequenos mamíferos, répteis, anfíbios, crustáceos, etc.
Comportamento | de actividade preferencialmente nocturna ou crepuscular, a lontra nada ou mergulha muito bem. Constrói abrigo junto à margem, mas o acesso é feito normalmente debaixo de água.
Predadores | não se conhecem predadores naturais.
Dimorfismo sexual | os machos são maiores.
Pegadas | pegadas e tamanho médio (6x6 patas anteriores e 6x7,5 patas posteriores). Por vezes quando o solo o permite as unhas ficam marcadas.
Dejectos | coloração e a forma pode ser variável mas o cheiro é inconfundível, semelhante a uma mistura de peixe com óleo de linhaça, por vezes cheiro a marisco).
Outros indícios | rastos deixados nos locais onde a lontra passa.
Estatuto de conservação | livro vermelho dos vertebrados – pouco preocupante. Anexo B-II e B-IV da Directiva Habitats.
Curiosidades | embora respirem por pulmões, as lontras podem ficar debaixo de água até 6 minutos.