Nestas paragens, a ruralidade é sinónimo de cultura e identidade de um povo, que trabalha a terra e extrai da natureza tudo o que ela lhe pode proporcionar.
O artesanato nasce desse laborar de materiais que dá origem a instrumentos de trabalho, a receptáculos de armazenagem dos produtos do solo, a peças que revestem as nossas casas e as tornam mais acolhedoras e quentes.
Leve uma peça de artesanato consigo e, todos os dias, poderá lembrar-se dos bons momentos que passou a visitar-nos.
Barcos em miniatura
A arte de criar barcos em miniatura surgiu das mãos de Hermínio Bento que laborou, desde os oito anos de idade, nas embarcações que continuamente subiam e desciam o rio. Aos 60 anos começou, então, a dedicar-se a fazer réplicas dos muitos barcos que noutros tempos se construíam nas margens de Constância.
Estas miniaturas trazem à memória os estaleiros da Vila Poema, em que conjuntos de homens comandados por um Calafate reparavam e construíam barcos. Estaleiros esses que se tornaram a escola de bons mestres, dos mais sabedores da arte que havia por todo o Tejo, e das suas mãos saíram muitos botes e varinos, alguns de grande tonelagem.
Hermínio Bento converteu-se num especialista em produzir as réplicas de barcos tradicionais, chegando mesmo a tentar perpetuar a sua arte, através de cursos de formação. No entanto, estas relíquias deixaram de ser feitas com o seu desaparecimento, não havendo exemplares para venda.
Exemplos de Réplicas
Existem vários exemplos de barcos em miniatura expostos no Posto de Turismo, pertencentes à Câmara Municipal de Constância.
Varino – Era uma embarcação utilizada no rio Tejo para o transporte de mercadorias para Lisboa e desta cidade para os portos ribeirinhos. Tinha uma proa arredondada, sem quilha e o fundo chato para poder navegar com pouca água. O mastro era inclinado à ré e armava uma vela de estai na proa e uma vela quadrangular, ambas de cor vermelha.Estes barcos tinham em média, um comprimento de dezasseis metros, uma altura de quinze metros e uma capacidade de cerca de trinta e cinco toneladas.
Desalijos – Era uma embarcação de fundo chato, sem quilha, com um comprimento médio de seis metros e uma altura de cinco metros. No seu mastro armava uma vela triangular de cor vermelha e tinha uma tonelagem de cerca de sete mil quilos. Este barco, facilmente manobrado por um só homem, tinha a função de auxiliar o varino, quando este estava carregado e não tinha água suficiente para navegar. Retirava-lhe parte da carga e acompanhava-o no seu percurso até Valada (terra de maré), aqui tornava-se a fazer o transbordo da mercadoria para o varino, este segui para Lisboa e o desalijo regressava a Constância.
Lancha – Tinha o fundo chato, a proa em bico, a popa cortada a direito e podia ser movida a vela, a remos e à vara. Este barco era utilizado na pesca perto da Vila de Constância, sendo necessários nesta actividade dois pescadores, um remava e outro lançava e recolhia as redes.
Batelão – É mandado construir pela Câmara Municipal em 1950, para fazer a ligação entre as duas margens do rio Tejo, transportando automóveis e pessoas. Era uma embarcação manobrada por três homens, um ficava ao leme e os outros dois nos remos ou nas varas. Tinha um comprimento de cerca de dez metros e uma largura de três metros.
Barca de Passagem - Era uma embarcação utilizada em Constância para a passagem de pessoas, mercadorias e principalmente de animais entre as duas margens do rio Tejo.
Tinha geralmente cerca de dez metros de comprimento e três metros de largura.
Abringel – Era uma barco construído nos pinhais do rio Zêzere pelos madeireiros, tendo uma tonelagem de três a quatro mil quilos. Era uma embarcação construída em madeira pinho crua e para impermeabilizar utilizavam o pez de louro. Este barco tinha como função seguir a madeira que vinha por flutuação pelo rio abaixo até às serrações da Praia do Ribatejo, sendo depois vendidos em Constância a baixo preço.
Lancha-Praieira – Era uma embarcação típica de pesca, com um comprimento médio de sete metros por um e meio de largura e era movida a remos ou a vela. Levava quatro pescadores, o arrais, o moço e dois camaradas.
Contacto | 1